Ser mãe e ser mulher: é possível equilibrar os dois mundos? Essa é uma pergunta que ecoa nos pensamentos de muitas mulheres que, ao mergulharem na maternidade, sentem que partes importantes de si mesmas ficaram para trás. A chegada dos filhos muda rotinas, prioridades e até mesmo a percepção sobre o que é essencial na vida. Mas ser mãe não significa apagar quem se é enquanto mulher. Este artigo foi pensado como um convite ao acolhimento, reflexão e, principalmente, à ação consciente.
Nosso objetivo é mostrar que é possível sim viver essa dupla identidade com harmonia, desde que exista intencionalidade, apoio e compreensão dos limites. Maternidade não precisa ser sinônimo de renúncia total. Ao contrário, pode ser um catalisador para o reencontro com a própria essência. É sobre isso que vamos conversar ao longo deste artigo.
De acordo com uma pesquisa divulgada pela ONU Mulheres em parceria com o IBGE, mulheres brasileiras dedicam quase o triplo do tempo em atividades não remuneradas, como cuidados com os filhos e tarefas domésticas, em comparação aos homens. Isso afeta diretamente o tempo e a energia que elas podem direcionar para si mesmas. Portanto, este artigo se propõe a trazer alternativas, caminhos práticos e exemplos reais para equilibrar esses dois universos com mais leveza e autonomia.

1. Ressignificando a identidade feminina após a maternidade
1.1 O impacto da chegada dos filhos na percepção de si mesma
Muitas mulheres, ao se tornarem mães, sentem que perdem parte de sua identidade. A rotina muda drasticamente, os desejos pessoais ficam em segundo plano e a imagem refletida no espelho parece pertencer a outra pessoa. Mas é natural se transformar. A chave está em reconhecer essa nova fase como parte de uma identidade expandida, e não como a perda de algo.
1.2 Como reconstruir a autoestima sem culpa
- Valorize pequenas conquistas diárias, mesmo que sejam simples como tomar um café sozinha.
- Relembre gostos pessoais antigos e traga-os de volta gradualmente.
- Esteja com pessoas que te valorizem não apenas como mãe, mas como mulher.
- Utilize afirmações positivas diariamente.
2. Organizando a rotina para criar espaço para si
2.1 A importância de planejar e priorizar
Uma das maneiras mais eficazes de equilibrar os papéis é estabelecer uma rotina realista. Ter um planejamento ajuda a visualizar o tempo disponível e incluir momentos de autocuidado e lazer.
Dicas de planejamento pessoal:
- Use uma agenda semanal para registrar compromissos pessoais e familiares.
- Defina prioridades diárias: o que é essencial? O que pode esperar?
- Evite sobrecarga e delegue quando possível.
2.2 Tabela de exemplo de rotina equilibrada:
*Essa tabela é apenas uma sugestão, pois entendemos que cada mãe/família tem a sua rotina*
Horário | Atividade |
6h – 7h | Tempo pessoal (leitura, café) |
7h – 9h | Rotina da casa e das crianças |
9h – 12h | Trabalho/atividades pessoais |
12h – 13h | Almoço em família |
13h – 15h | Tempo com as crianças |
15h – 17h | Trabalho/estudos pessoais |
17h – 18h | Brincadeiras ou passeio em família |
18h – 20h | Jantar, banho e rotina noturna |
20h – 21h | Tempo para si mesma |

3. Cultivando uma rede de apoio genuína
3.1 Porque você não precisa dar conta de tudo sozinha
Muitas mulheres ainda acreditam que precisam ser “supermães” e carregar tudo sozinhas. Isso é insustentável e pode gerar frustração. Apoiar-se em outras pessoas não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria. A maternidade pode ser uma experiência menos solitária e mais amorosa quando compartilhada.
O ideal da mãe multitarefa e autossuficiente, exaltado durante tanto tempo, tem causado exaustão emocional e mental. Por isso, abrir espaço para ajuda e aceitar essa ajuda é fundamental. Quando a mulher entende que não precisa estar sempre disponível ou perfeita, ela permite que outras possibilidades de maternagem mais leves possam florescer.
Além disso, quando outras pessoas se envolvem no cuidado com os filhos, a criança cresce reconhecendo que há várias formas de afeto, presença e educação. Isso fortalece vínculos familiares e reduz a pressão sobre a figura materna. Ao dividir as responsabilidades, toda a família ganha em qualidade de vida, equilíbrio e conexão.
Ter uma rede de apoio também significa ter para onde correr quando as coisas não vão bem. Pode ser uma amiga que escute sem julgar, uma avó que busca na escola, um vizinho disposto a segurar a criança por dez minutos enquanto você respira. São pequenas ajudas que fazem enorme diferença.
3.2 Como construir e manter sua rede
- Converse com outras mães que estejam em momentos semelhantes.
- Participe de grupos online ou presenciais.
- Peça ajuda sem medo de ser julgada.
- Revezar funções com o parceiro, familiares ou vizinhos pode trazer alívio.
- Procure espaços seguros de escuta e acolhimento.
- Ofereça apoio também: a troca é o que sustenta uma rede verdadeira.
A rede de apoio não precisa ser grande, mas precisa ser verdadeira. Às vezes, uma única pessoa que escute com empatia já faz toda a diferença. E lembrar-se de que você também pode ser essa rede para outra mãe é um gesto de força e empatia coletiva. Criar e manter uma rede é também sobre alimentar laços com intenção: cultivar vínculos que fortalecem e sustentam em vez de exigir e esgotar.
4. Ser mãe e ser mulher: a comunicação como aliada
4.1 Comunicar suas necessidades com empatia
Falar abertamente sobre suas necessidades é uma forma de se posicionar com respeito e abrir espaço para colaboração. A comunicação clara e empática evita ressentimentos e aproxima os envolvidos.
Quando você comunica o que sente, o que precisa e o que espera, torna-se mais fácil criar acordos familiares que respeitem seus limites e desejos. É nesse espaço de diálogo que as relações se fortalecem.
Muitas vezes, a dificuldade de comunicar vem do medo de parecer frágil ou de causar conflitos. Mas silenciar suas necessidades só aumenta a sobrecarga e o distanciamento emocional. A vulnerabilidade com respeito é uma ferramenta poderosa para criar conexões mais verdadeiras.
A comunicação também é uma forma de ensinar pelo exemplo. Ao verbalizar seus sentimentos e demonstrar abertura para ouvir, você mostra aos filhos que sentimentos importam e que existe espaço para diálogo dentro de casa. Isso gera um ambiente mais empático e respeitoso para todos.
4.2 Estratégias para melhorar a comunicação em casa
- Use frases com “eu me sinto…” ao invés de acusações.
- Estabeleça conversas em momentos calmos, fora do estresse.
- Mostre que pedir apoio não significa imposição, mas parceria.
- Valorize quando o outro colabora: reconhecimento motiva continuidade.
- Dê espaço para o outro também expressar suas percepções.
Criar um ambiente familiar onde todos se sintam ouvidos e respeitados reduz tensões, fortalece os vínculos e aumenta a sensação de pertencimento. A comunicação não é apenas uma ferramenta prática, ela é um ato de amor e construção conjunta.
Além disso, conversar com outras mulheres, seja presencialmente ou virtualmente, pode trazer novas perspectivas e sentimentos de pertencimento. Falar sobre as dores e delícias da maternidade ajuda a desconstruir o mito da perfeição e permite que você se veja com mais empatia e verdade.
5. Nutrindo interesses pessoais e paixões
5.1 O valor de manter viva sua individualidade
Retomar atividades que faziam parte de sua identidade antes da maternidade é um dos caminhos mais potentes para equilibrar os dois mundos. Você continua sendo uma mulher com sonhos, interesses e talentos.
Manter um tempo para aquilo que nutre sua alma não é egoísmo, é sobrevivência emocional. Ao alimentar sua essência, você também inspira seus filhos a buscarem seus próprios caminhos com autenticidade.
É importante lembrar que os filhos aprendem muito mais com o exemplo do que com discursos. Uma mãe que cultiva seus interesses ensina que é saudável cuidar de si mesma.
A individualidade feminina não se anula ao se tornar mãe, ela se transforma e pode se fortalecer. Ao dar espaço para seus desejos e paixões, você nutre sua saúde mental e emocional, contribuindo para uma maternagem mais leve e plena. A maternidade não precisa ser um ponto final nos seus projetos: ela pode ser uma vírgula que dá novos sentidos a eles.
Resgatar a mulher que existe além da mãe não significa amar menos os filhos, e sim se amar o suficiente para continuar sendo fonte de inspiração, força e amor verdadeiro. É nesse reencontro com seus desejos e talentos que mora uma das formas mais bonitas de ser exemplo.
5.2 Ideias de hobbies e paixões para reconectar com você
- Escrever, pintar, dançar ou fotografar
- Assistir a filmes, séries ou ler livros por prazer
- Praticar caminhada, yoga ou outra atividade ao ar livre
- Cursos online que estimulem o autoconhecimento
- Voluntariado em causas que você acredita
- Desenvolver projetos criativos ou empreendedores

Seja qual for a atividade, o importante é que ela te traga alegria e te reconecte com quem você é. Reservar tempo para seus interesses não te distancia dos filhos, pelo contrário, te torna uma referência viva de autenticidade e bem-estar.
6. O papel da autoestima na conciliação entre os dois mundos
6.1 Como fortalecer a confiança em si mesma
A autoestima é a base para que a mulher se sinta segura em equilibrar seus papéis. Quando a mulher se sente bem com ela mesma, ela não se anula, não se culpa e sabe reconhecer seus limites.
Ações que elevam a autoestima:
- Cuide da sua aparência não por estética, mas por bem-estar
- Evite comparações com outras mães
- Esteja com pessoas que validem suas escolhas
- Escreva em um diário suas conquistas da semana
7. Definindo limites e expectativas com leveza
7.1 A importância de dizer “não”
Saber recusar convites, pedidos ou compromissos que vão contra suas prioridades é essencial. Isso evita sobrecarga e ajuda a manter o foco no que realmente importa.
7.2 Tabela de exemplos de limites saudáveis:
Situação | Limite sugerido |
Família pede ajuda constante | Estabelecer dias e horários fixos |
Filhos interrompem tempo pessoal | Ensinar momentos de espera |
Excesso de tarefas | Delegar ou reorganizar prioridades |
Conclusão: ser mãe e ser mulher também é sobre escolha consciente
Concluir que é possível sim equilibrar os dois mundos, o da maternidade e o da individualidade feminina não é uma promessa de perfeição, mas sim um convite para um percurso contínuo de escuta, ajustes e reconexão. A mulher que se torna mãe não desaparece, ela se transforma. E nessa transformação, novos contornos são desenhados: uns mais suaves, outros mais intensos, mas todos legítimos.
Ser mãe não significa renunciar ao que se é, mas integrar essa nova dimensão à sua identidade. É entender que o cuidado com o outro pode caminhar junto ao cuidado consigo mesma. Que é possível construir uma rotina que não anule os próprios desejos, que valorize as pausas e que celebre até mesmo os pequenos momentos de autonomia. Que é saudável desejar estar sozinha por alguns minutos, sentir saudade da antiga versão de si mesma e buscar por espaços onde o nome da mulher seja chamado sem o prefixo “mãe”.
O equilíbrio entre esses dois mundos nasce da consciência de que você não precisa carregar tudo sozinha. De que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem. De que estabelecer limites claros não afasta o amor, ao contrário, fortalece os vínculos. E de que nutrir sua essência, suas paixões e interesses, não é luxo nem egoísmo: é combustível para seguir com mais presença, saúde e verdade.
Também é necessário reconhecer que esse equilíbrio não será constante. Haverá fases em que o lado materno exigirá mais, e outras em que a mulher em você pedirá atenção redobrada. E tudo bem. O importante é seguir se ouvindo, se respeitando e se permitindo recomeçar sempre que necessário.
Neste artigo, nossa intenção foi oferecer não apenas reflexões, mas também caminhos práticos e possíveis. Porque ser mãe e ser mulher, ao mesmo tempo, é um exercício diário de escolhas conscientes, onde o autocuidado é prioridade, a culpa é substituída por presença e o amor-próprio passa a ser cultivado com a mesma dedicação que oferecemos aos nossos filhos.
Desejamos que, ao final desta leitura, você se sinta mais fortalecida para assumir o protagonismo da sua própria história. Que possa se olhar com mais gentileza e lembrar, todos os dias, que você é múltipla, potente e inteira mesmo nas imperfeições.
Se este texto ressoou com a sua vivência, compartilhe. Que ele chegue a outras mulheres que, assim como você, estão redescobrindo suas forças e seus contornos no intenso e bonito caminho de ser mãe e ser mulher.
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Gostei muito do seu artigo. Realmente ser mãe e mulher é uma dádiva Divina.